O Poder Legislativo Estadual deu continuidade, nesta quinta-feira (9), às atividades da 1ª Jornada Alepe Antirracista 2023. A ação, que marca as comemorações em torno do Mês da Consciência Negra, tem como objetivo ampliar o debate sobre o racismo e estimular a construção de pautas afirmativas. As atividades são gratuitas e encerram-se nesta sexta-feira (10). Confira aqui a programação completa do evento.
No seu quarto dia, a Jornada Alepe Antirracista contou com as conferências “Fortalecimento da Identidade: Construindo a Cultura do Antirracismo”, ministrada pela militante dos movimentos de comunidade tradicionais, Bernadete Lopes; e “Antirracismo e saúde mental: importância das questões étnicos raciais na construção de políticas públicas de atenção à saúde mental em Pernambuco”, com o psicólogo Guilbert Araújo; além das apresentações artísticas do Afoxé Alafin Oyó e da cantora Gabi da Pele Preta.
A medição do debate ficou a cargo da deputada Socorro Pimentel (União). Segundo a parlamentar, a ação está na ordem do dia. “Precisamos falar, debater e fazer com que práticas antirracistas estejam cada vez mais presentes em nosso cotidiano”, afirmou.
Pimentel também comentou sobre a relevância dos temas discutidos pelo evento. “Numa epidemia de doenças que afetam a saúde mental, esses debates são cada vez mais necessários, pois qualquer tipo de discriminação, opressão e pressão pode desencadear um fator para uma doença mental”, disse a deputada.
Em sua conferência, Bernadete Lopes falou da importância de fortalecer a identidade das pessoas negras. “É fundamental entendermos que o racismo se construiu em cima da teoria da negação do outro. E a alteridade se constrói em cima da afirmação do direito do outro, mesmo ele sendo diferente de nós. Com uma identidade fortalecida, as pessoas não conseguem nos anular”, ressaltou a palestrante.
O psicólogo Guilbert Araújo abordou a relação entre o antirracismo e a saúde mental. “É bom pensarmos nas implicações para a população negra, e também para a população branca, do racismo enquanto condição estruturante da realidade. Os debates em torno de ações antirracistas são fundamentais para a promoção de políticas públicas de saúde mental”, disse.
Presidente do Afoxé Alafin Oyó, Fabiano Santos disse que é preciso desconstruir os paradigmas. “Quebrar isso não só tendo a apresentação do Afoxé ou das manifestações de cultura popular, mas também fazendo o reconhecimento devido, constituindo o valor de cachê dos grupos, facilitando a forma de contratação e a visibilidade dada, inclusive por leis constituídas nesta Casa”, falou o músico.
A cantora Gabi da Pele Preta, que encerrou a programação, disse que, com esse evento, a Assembleia Legislativa faz mais uma ação para reparar a dívida com as pessoas pretas. “Trazer esse debate, que é urgente, para uma instituição centenária como a Alepe, mostra que a Casa tem o compromisso de representar também as pessoas pretas”, disse a artista.
Novo PL – Presente na ação, o deputado Gilmar Júnior (PV) fez uma fala rápida sobre o projeto de lei nº 1360/2023, de sua autoria, que busca incluir o ensino antirracista em Pernambuco, desde a educação básica, como forma de combater o racismo no Estado. “Precisamos entender que a cultura do racismo é estrutural, ela vem desde cedo. Trazer um ensinamento antirracista para crianças e adolescentes é enfrentar, no grande círculo vicioso do problema que é a primeira infância, esse tipo de conduta. Com isso, há uma possibilidade de mudança no viver e no tratar o outro, não importando sua cor, sua etnia”, destacou o parlamentar.