O penúltimo dia do 1º Fórum Alepe Mulher teve como foco, nesta quinta (14), o debate sobre o ‘Enfrentamento à violência’. Mediadas pelas deputadas Delegada Gleide Ângelo (PSB) e Dani Portela (PSOL), as palestras contaram com a presença de Andréa Rodrigues e Paula Limongi, representando o projeto ‘Banco Vermelho’; além de Cileide Silva, primeira mulher beneficiada com a Lei Maria da Penha, e Lucidalva Nascimento, primeira advogada do Brasil a requerer a lei.
A plateia foi formada por alunos da Unicap, Faculdade de Ciências Humanas Esuda e Unibra, essa última representada na mesa pela professora Taciana Brum. O encontro contou ainda com a apresentação artística da cantora Rafa Magalhães.
Abrindo o debate, a deputada Gleide Ângelo salientou a importância do evento: “Se não trouxermos pessoas que entendam o problema da violência doméstica, não vamos conseguir resolvê-lo. A nossa luta é por uma sociedade justa e igualitária tanto para mulheres quanto para homens. E precisamos de pessoas que queiram solucionar essas barreiras, e não tenho dúvida de que quem está aqui, quer exatamente isso.”
A primeira palestra do dia foi realizada por Andrea Rodrigues e Paula Limongi, presidente e diretora-executiva do Instituto Banco Vermelho no Brasil, respectivamente. Andrea conheceu a iniciativa na Espanha, logo após o feminicídio da engenheira Patrícia Santos, amiga próxima da ativista. Inspirada pelo movimento, trouxe a ação para o Brasil e segue expandindo suas atividades: “Eles parecem ser um banco como qualquer outro, mas vão muito além. Eles cumprem a função de ser um lugar para sentar, mas mandam você levantar e agir. Temos que fazer barulho, é o nosso levantar que move o poder público.”
Ativista do enfrentamento ao racismo e pós-graduada em direitos humanos, Lucidalva Nascimento foi a primeira advogada a requerer a aplicação da Lei Maria da Penha no Brasil, 40 dias após a norma ter sido sancionada, em 2006. “A Lei Maria da Penha salva vidas, previne a violência, protege as mulheres e pune os agressores. Precisamos fortalecer as políticas públicas de prevenção à violência contra as mulheres: nas escolas, na universidade, em todos os lugares”.
Primeira vítima a utilizar a Lei Maria da Penha no Brasil, Cileide Silva utilizou a tribuna para fazer um relato pessoal. “Sofri violência doméstica por 20 anos. O agressor tem um perfil: ele o afasta da família e dos amigos, que são as pessoas que podem acolhê-la, controla seu jeito de se vestir, diz que você não precisa arrumar emprego e você termina dependendo dele pra tudo. Ele me batia, e batia nos meus filhos, e eu achava que a culpa era minha. Com a ajuda da minha filha, procurei o Centro das Mulheres do Cabo, que me acolheu e me salvou. Precisamos mostrar aos nossos filhos o que é certo e o que errado para que eles não sejam consumidos por essa doença terrível que é o machismo”.
Realizado no auditório Sérgio Guerra, o fórum continua com extensa programação de palestras e apresentações artísticas até esta sexta (15). Veja aqui as atividades.