Abertura de fórum destaca importância da mulher na política

PRIMEIRO DIA – A deputada Socorro Pimentel representou a Mesa Diretora da Alepe no evento. Fotos: Nando Chiappetta

A Assembleia Legislativa de Pernambuco deu início, nesta segunda (11), à série de palestras e debates do 1º Fórum Alepe Mulher, mais uma ação inserida na programação de atividades organizadas pela Casa para marcar a passagem do Dia Internacional da Mulher, comemorado mundialmente em 8 de março. As palestras têm como temáticas as vivências, lutas e os direitos das mulheres.

O primeiro dia do fórum, que teve como destaque o tema ‘Mulheres na Política’, foi aberto pela deputada Socorro Pimentel (União), representando a Mesa Diretora da Alepe. A parlamentar falou da importância de debater o tema dentro do âmbito do Legislativo. “É muito importante partilhar informações pertinentes, assuntos que fazem parte do nosso dia a dia, como a desigualdade de gênero, a questão salarial e tudo mais que permeia a realidade da mulher”, afirmou.

HOMENAGEM – As participantes foram agraciadas com uma placa comemorativa do 1º Fórum Mulher Alepe

Prefeita de Canhotinho e esposa do presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto (PSDB), Sandra Paes parabenizou a ação do Poder Legislativo. “Ainda somos minoria na política e estamos sempre lutando para que nossos direitos e espaços sejam respeitados. Então, ações como essa são sempre muito bem-vindas. Parabéns à Alepe por essa iniciativa”.

Representando o Poder Executivo do Estado, a secretária executiva da mulher, Juliana Gouveia, relatou algumas das ações programadas pelo Governo para o mês de março. “Estamos com uma vasta programação, como cursos, seminários e ações em parceira com as Polícias Civil e Militar para fortalecer o enfrentamento à violência contra as mulheres”, disse a gestora.

Deputadas na tribuna

ORDEM DO DIA – Dani Portela destacou a necessidade de debater a desigualdade de gênero na política

Também presente ao encontro, a deputada Dani Portela (PSOL) delineou a presença da mulher no campo político: “Temos que abandonar o que se pensa como papéis delimitados para a mulher e o homem. Infelizmente, a política não foi pensada para ser ocupada por nós, as mulheres incomodam. A luta é árdua, mas iniciativas como este fórum de debate são muito importantes no processo de combate à desigualdade de gênero na política”, ressaltou a parlamentar.

TODAS JUNTAS – Simone Santana destacou a união das deputadas para avançar e vencer as adversidades

A deputada Simone Santana (PSB) realçou a relevância da união das parlamentares diante das adversidades encontradas no meio político: “Somos de diferentes partidos e segmentos, mas nos unimos como mulheres, acima de tudo. Queremos direitos iguais, e não é fácil. O combate à cultura desses preconceitos é constante e diário”.

LUTA – Débora Almeida lembrou que a violência política ainda afasta muitas mulheres dos espaços de poder

A parlamentar Débora Almeida (PSDB) descreveu suas experiências como deputada e mulher, denunciando a realidade não só dela, mas de muitas outras dentro deste cenário: “A gente precisa falar sobre o que é a violência política. Envolve a pressão psicológica, a descrença de suas capacidades, a ridicularização de suas palavras. Devemos dar nome à essa violência, é importante nos posicionarmos”, destacou.

Debate

A primeira palestra do dia foi conduzida pela assistente social, psicanalista e integrante da Rede de Mulheres Negras, Itanacy Oliveira. Ela ressaltou que a mulher tem o direito de estar no lugar que ela quiser, inclusive nos espaços de poder.

REPRESENTATIVIDADE – A primeira palestrante do dia destacou a atuação de entidades da sociedade civil para ampliar a presença de mulheres negras na política

Itanacy relatou o trabalho de organizações da sociedade civil em defesa de uma maior participação das mulheres negras no cenário político. “A pauta da mulher negra é a que mais garante o avanço de direitos sociais: direito à vida, direitos das crianças, dos idosos e também projetos voltados à segurança. Precisamos dar visibilidade às mulheres negras periféricas e esse é o trabalho que é feito pela Rede de Mulheres Negras e pelo projeto ‘Eu Voto em Negra’. Fazemos um trabalho de preparação desse público para o ingresso no processo eleitoral, também oferecendo conhecimento sobre a identidade racial e sobre técnicas de fala. A visibilidade delas dentro dos partidos eleitorais, porém, ainda é um grande desafio”, disse a palestrante.

Segunda conferencista do dia, a cientista política Priscila Lapa apresentou exemplos de países onde há uma maior participação feminina na política e os resultados positivos dessa realidade. “A Islândia é o país com o menor índice de desigualdade na política de acordo com a questão de gênero. Lá, eles investiram em quatro pilares: grande representação política, uma vez que as islandesas ocupam 47,6% dos assentos políticos; lei de igualdade salarial; licença maternidade e paternidade igualitária; e forte subsídio a creches. O país destina 1,7% do seu PIB à educação infantil. Isso significa que as famílias islandesas destinam apenas 5% de sua renda para essa fase da vida dos filhos, enquanto que países como os EUA, por exemplo, investem 19%.”

ENTREGA DE RESULTADOS – Priscila Lapa falou dos ganhos que a política ganha com a atuação das mulheres

A cientista política ainda destacou dados do Instituto Alziras – ONG criada para apoiar as executivas municipais -, informando que as cidades comandadas por mulheres desenvolvem melhores políticas sociais como a construção de mais creches, escolas e postos de saúde. “Os processos de organização, como o da Rede de Mulheres Negras, são muito importantes para o avanço dessas pautas em defesa da mulher”, concluiu Priscila Lapa.

Cultura e arte

APRESENTAÇÃO CULTURAL – O Afoxé Oyá Alaxé fez uma participação especial no primeiro dia do Fórum Alepe Mulher

O dia de abertura do 1º Fórum Alepe Mulher ainda contou com a apresentação do Coral Vozes de Pernambuco, formado por colaboradores do Legislativo estadual, e do Afoxé Oyá Alaxé, grupo de representação da cultura afro-brasileira, fundamentado nos princípios do candomblé nagô, fundado há 20 anos e integrado por mulheres.

Serviço

Ao longo da semana, o fórum terá continuidade com novas palestras e apresentações artísticas. Confira a programação completa e inscreva-se gratuitamente aqui.