Café com Poesia: Evento da Biblioteca une cordel e reflexão sobre racismo

PÚBLICO – Auditório Sérgio Guerra recebeu poetas e estudantes da rede estadual. Foto: Nando Chiappetta

A Biblioteca da Alepe realizou, nesta quinta (21), mais uma edição do projeto Café com Poesia. Dessa vez, foram comemorados no Auditório Sérgio Guerra os dias do Cordelista e da Consciência Negra, respectivamente 19 e 20 de novembro.

O evento contou com a presença de alunos das escolas de referência em ensino médio (EREM) da rede estadual: Ginásio Pernambucano e Governador Barbosa Lima, ambas no Recife, e Eraldo Campos, localizada em Escada, na Mata Sul. A superintendente da Biblioteca Sirlênia Araújo abriu as festividades.

“Hoje temos a honra de celebrar duas datas muito importantes: o dia dos cordelistas e o mês da consciência negra. Um momento de celebrar a ancestralidade, a resistência e importância do povo negro para nossa história”, afirmou.

BIBLIOTECA – Sirlênia Araújo destaca celebração da ancestralidade e da cultura nordestina. Foto: Nando Chiappetta

Poesia

A celebração foi divida em duas partes: a primeira foi composta pelas apresentações dos cordelistas Madalena Castro, Giselda Pereira e Cícero Lins. Eles recitaram algumas obras e discursaram sobre a importância do gênero para cultura nordestina. “Hoje nós estamos celebrando o dia do cordelista. Tenho orgulho de me declarar cordelista porque estamos fazendo do cordel algo importante da cultura nordestina, indo além do entretenimento”, pontuou Cícero.

Logo após, foram realizadas duas performances. A do coral Vozes de Pernambuco e a de Fábio Luiz, servidor da Secretaria Geral da Mesa Diretora da Alepe. Ele criou e adaptou a peça “Amarras” ao lado de seus colegas Jorge Bernardo e Eli Brainer, também servidores da Casa. Os alunos participaram das atividades recitando alguns poemas. 

Consciência negra

PARTICIPAÇÃO – Jovens também se pronunciaram a partir dos temas em debate. Foto: Nando Chiappetta

A deputada Dani Portela (PSOL) compareceu à cerimônia e deixou registrada a importância de celebrar o Dia da Consciência Negra. Professora de formação, a parlamentar fez algumas indagações aos alunos e abriu espaço para eles falarem sobre o tema. 

Uma jovem se pronunciou e relatou uma experiência de racismo que sofreu ainda criança, no ambiente escolar. Segundo ela, uma professora a acusou de roubar o lápis de uma colega, sendo que as duas possuíam o mesmo lápis – e ela era a única menina negra da turma.  

“Eu vi aqui que várias pessoas levantaram a mão se reconhecendo como negra. Quem de vocês já passou pela situação de ter comentários sobre seu cabelo? Quem de vocês já foi abordado pela polícia na rua? Alguém parente de vocês está dentro do sistema prisional? A maioria das pessoas que respondem sim para essas perguntas são negras. Quando a gente fala que no Brasil o racismo é estrutural, a gente fala de uma pirâmide em que ele está na base. Então, quando me perguntam: ‘Dani, você vê racismo em tudo?’, eu digo que ele está presente em tudo por acentuar as desigualdades. É só ver o desemprego. A cara dele é de uma mulher negra de baixa escolaridade”, declarou Portela.

“Esse feriado é pra gente refletir e dizer que o compromisso para enfrentar o racismo deve ser um compromisso de todos nós. Afinal, nós não seremos livres enquanto outros de nós são prisioneiros, mesmo que as correntes deles sejam diferentes das nossas”, concluiu.

Alepe Cuida promove acesso gratuito a saúde e cidadania em Bezerros

BEZERROS – O programa ofereceu serviços de saúde e cidadania na cidade do Agreste. Foto: Amaro Lima

O programa Alepe Cuida chegou nesta quarta (13) a Bezerros, no Agreste Central, oferecendo à população local serviços gratuitos de saúde e cidadania. A ação, que segue até quinta (14), está sendo realizada ao lado da Igreja Matriz São José dos Bezerros. Cerca de 2 mil pessoas são esperadas para serem atendidas pela equipe de profissionais da Alepe, além de parceiros institucionais.

Coordenada pela Superintendência de Saúde e Medicina Ocupacional (SSMO) da Alepe, a iniciativa percorre municípios de Pernambuco, levando serviços essenciais que contribuem para o bem-estar e a inclusão social dos pernambucanos. 

Saúde

Nesta edição, estão sendo oferecidas consultas em especialidades médicas como cardiologia (com eletrocardiograma), odontologia, oftalmologia, otorrinolaringologia, ginecologia e neuropediatria, além de serviços de nutrição. Muitos dos atendimentos foram agendados previamente, incluindo exames de ultrassonografia (abdômen total, próstata e transvaginal) e mamografia, assegurando maior organização e conforto aos pacientes. 

RESOLUÇÃO – Wildy Ferreira comemorou a formalização do Alepe Cuida. Foto: Amaro Lima

O superintendente da SSMO, Wildy Ferreira, ressaltou que esta é a 16ª edição do Alepe Cuida, que já realizou mais de 50 mil atendimentos no Estado. Ele também comemorou a Resolução da Mesa Diretora, aprovada pelo parlamento, que formalizou a iniciativa dentro da estrutura da Casa. 

“Com o apoio de todos deputados e o incentivo do presidente Álvaro Porto (PSDB) e do primeiro-secretário Gustavo Gouveia (Solidariedade), o Alepe Cuida só tende a crescer. É um programa que está ajudando muito os pernambucanos”, expressou.

Em atendimento de livre demanda, a população também aproveitou os serviços de vacinação, quiropraxia, auriculoterapia, ventosaterapia, e o ambulatório do pé diabético. Ações sociais também foram realizadas, com atividades de corte de cabelo e design de sobrancelhas, que contribuíram para elevar a autoestima dos participantes. 

A trabalhadora rural aposentada Severina José dos Santos, de 66 anos, esteve no local para realizar uma mamografia e elogiou a disponibilização de serviços que a população encontra dificuldade para acessar. “Estou aproveitando para fazer logo o exame. Esse mutirão está sendo muito bom, porque traz muitos médicos que aqui não tem”, disse.

Cidadania

Na área de cidadania, uma gama de serviços está sendo disponibilizada. O Instituto Tavares Buril e a Secretaria de Defesa Social disponibilizaram a emissão de primeiras e segundas vias do RG; a Defensoria Pública do Estado (DPE-PE) presta assistência jurídica em questões de menor complexidade e o Banco do Nordeste e o Sebrae ofereceram orientação e apoio para empreendedores da região, além de uma exposição de produtos locais.

CIDADANIA – A iniciativa disponibiliza serviços de instituições como a Defensoria. Foto: Amaro Lima

“É uma iniciativa importante, tanto do ponto de vista do contato entre as instituições como para que a Defensoria Pública possa ser mais difundida entre a população que mais precisa da assistência jurídica”, elogiou o defensor público Thiago Augusto Montenegro Couto, coordenador do núcleo da DPE-PE em Bezerros.

Além disso, o Detran-PE ofereceu serviços de emissão do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) e renovação de Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A Compesa e a Neoenergia, por sua vez, atenderam demandas de renegociação de dívidas, emissão de segunda via de faturas, solicitação de novas ligações e desligamentos, promovendo a regularização dos serviços básicos e o acesso ao saneamento e à energia elétrica.

Prêmio

Nesta quarta, a  União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale) divulgou que o Alepe Cuida está entre os três finalistas do prêmio Assembleia Cidadã, na categoria Atendimento ao Cidadão. O vencedor será anunciado na conferência nacional da entidade, que será realizada entre os dias 3 e 5 de dezembro no Rio de Janeiro.

Segunda Jornada Antirracista mobilizou colaboradores e servidores da Alepe

FORMAÇÃO – Plateia de estudantes acompanhou debates com foco no empoderamento. Foto: Amaro Lima

Após cinco dias dedicados à palestras e debates sobre racismo e valorização da cultura negra, a Alepe encerrou nesta sexta (8) a segunda edição da Jornada Alepe Antirracista. Focado nos temas da juventude e das relações étnicos-raciais, o último encontro no auditório Sérgio Guerra contou com a presença de alunos da rede pública estadual de ensino.

Durante a manhã, os estudantes tiveram a oportunidade de assistir as palestras dos professores Iyalê Moura e Filipe Almeida sobre os desafios para a formação de líderes em movimentos sociais e a adoção de uma educação antirracista no ambiente escolar, tanto para os docentes quanto para os educandos.

Parlamentares

A deputada Rosa Amorim (PT), abriu as atividades do dia destacando sua trajetória profissional, iniciada dentro de movimentos estudantis e sociais, como o Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 

“Eu disse que muitos não acham que eu sou deputada porque não é comum encontrar pessoas como eu, ou como nós, aqui nesse espaço. Dos 49 deputados estaduais de Pernambuco, apenas seis são mulheres e poucos se declaram negros, mostrando que esse espaço é uma reprodução de uma estrutura machista e racista que encontramos na sociedade brasileira”, disse. 

“Temos o desafio gigante de mudar as estruturas de poder na sociedade para que a gente possa mudar dados e estatísticas e com certeza, ter mais ‘Rosas’ como eu ocupando esse espaço. Eu não fui a primeira, não serei a única e nem a última porque essa geração irá nos dar muito orgulho”, completou. 

Ao longo da semana, o evento contou com a participação dos parlamentares Doriel Barros (PT),  Dani Portela (PSOL) e João Paulo (PT).  

Agradecimentos

PRODUÇÃO – Projeto da Alepe mobilizou servidores de diversos setores da Casa. Foto: Amaro Lima

Superintendente Geral da Alepe, Isaltino Nascimento, celebrou o êxito da jornada e propôs uma salva de palmas a todos os colaboradores e servidores que não mediram esforços para a realização dessa semana especial. 

“Quero agradecer a todo mundo que trabalhou, todas as superintendências, todos os trabalhadores que ajudaram no êxito dessa segunda jornada antirracista. Estamos felizes de estar contribuindo em uma pauta significativa para sociedade pernambucana. O racismo adoece, mata e por isso, devemos ser antes de tudo, antirracistas”, pontuou. 

Celebrações

CULTURA – Encerramento teve a performance do rapper e ativista Okado do Canal. Foto: Amaro Lima

A cerimônia de encerramento contou ainda com a performance do rapper e ativista Okado do Canal, idealizador do Espaço Cultural Lado Beco, localizado no canal do Arruda, na zona norte do Recife. Okado começou sua trajetória artística como forma de expressar as dificuldades e injustiças vividas nas favelas. Além da música, ele também se destaca por seu trabalho em projetos sociais voltados para a juventude, buscando conscientizar e empoderar jovens em situação de vulnerabilidade. 

Lepê Correia, mestre de cerimônia ao longo de toda Jornada Antirracista, encerrou o evento recitando um poema: “África, mãe do primeiro amor; África, mãe do primeiro Deus; África, mãe da primeira mulher; África, mãe do primeiro homem”, declamou.