Café com Poesia homenageia Joaquim Nabuco no Dia do Nordestino

CULTURA – Atividade da Biblioteca da Alepe reuniu poesia popular e versos em francês. Foto: Jarbas Araújo

No Dia do Nordestino, comemorado em 8 de outubro, o projeto Café com Poesia, promovido pela Biblioteca da Alepe, prestou homenagem nesta terça à obra poética de Joaquim Nabuco (1849-1910). O evento atestou que o patrono do Legislativo Estadual é um dos pernambucanos mais cosmopolitas e multifacetados da história. A ação ocorreu na sede da Aliança Francesa do Recife, no bairro do Derby, em cooperação com a diretoria cultural da instituição de ensino.

De acordo com a gerente da Biblioteca da Alepe, Sirlênia Araújo, a essência do Nordeste está tanto na obra de grandes intelectuais nascidos na região, quanto no trabalho dos poetas populares que cantam a história, as lutas e as alegrias da terra através de suas rimas. “Essa junção, no Café com Poesia, é um convite para refletirmos sobre a trajetória de Joaquim Nabuco que, apesar de ser um diplomata, político, embaixador e poeta, nunca se desvinculou de suas raízes”, lembrou. 

Inéditos

No evento, houve apresentação do Coral Vozes de Pernambuco, formado por servidores e colaboradores da Alepe, e recitação de versos pelo poeta popular Júnior Vieira e pelo cordelista Cícero Lins de Moura. Já as estudantes da turma avançada da Aliança Francesa apresentaram poesias escritas em francês por Nabuco, ainda não traduzidas para o português, extraídas dos livros “Amour et Dieu”, de 1874, e “Pensées detachées et souvenirs”, de 1906 (‘Amor e Deus” e “Pensamentos separados e lembranças”, respectivamente, em livre tradução).

CANTO – Coral Vozes de Pernambuco se apesentou na Aliança Francesa. Foto: Jarbas Araújo

A responsável pela Diretoria Cultural da Aliança Francesa do Recife, Azillis Pierrel, acredita que a França foi um lugar importante para que Nabuco, ainda jovem, construísse a figura pública e política que se tornou. “O idioma francês permitiu a ele fazer trocas com intelectuais de outros países que também estavam em Paris e desenvolver ideias, como, por exemplo, o pensamento abolicionista”, disse. Sobre a utilização pedagógica da obra de Nabuco para o ensino do francês, Azillis ressaltou a importância de as estudantes participantes do evento se darem conta de que têm, sim, a capacidade de recitar poesia em outra língua e de apreciar as palavras e expressões escolhidas pelo autor.

Biografia

Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo (1849-1810) atuou como jurista, político, diplomata, abolicionista, jornalista, memorialista, historiador e poeta. Ele é um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL). 

Oriundo de famílias ligadas à aristocracia portuguesa e a cristãos novos estabelecidos no Brasil, Nabuco nasceu em Recife no dia 19 de agosto de 1849 e passou parte da infância no Engenho Massangana, localizado no município do Cabo de Santo Agostinho (Litoral Sul). Morou ainda no Rio de Janeiro e passou por alguns países europeus, incluindo a França. 

Foi autor de diversas obras, entre elas, “O abolicionismo” (1883) e “Minha formação: memórias” (1900). Atuou também como um dos mais importantes diplomatas do Brasil imperial, sendo um fervoroso defensor do fim da escravidão no país. Morreu em Washington, no Estados Unidos, em 17 de janeiro de 1910.

Alepe promove Café com Poesia sobre autoestima

SAÚDE MENTAL – O evento trouxe o tema da prevenção ao suicídio. Foto: Nando Chiappetta

Nesta quinta (26), a Alepe promoveu mais uma edição do Café com Poesia, no auditório Ênio Guerra. Com o tema voltado para a campanha Setembro Amarelo, destinada à prevenção do suicídio, cordelistas e poetas compartilharam seus textos e prosas acerca da autoestima. Além disso, o encontro contou com a palestra da psicóloga Ana Cristina Fonseca, assim como a apresentação do Coral Vozes de Pernambuco.

Coordenadora-geral de graduação do Centro Universitário Frassinetti do Recife (Fafire), Ana Cristina Fonseca destacou a necessidade de conscientização acerca da saúde mental. Aproveitando a presença dos alunos da Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano na plateia, ela destacou que o Brasil é o país mais ansioso do mundo. “São 38 casos de suicídio registrados por dia. Então é muito importante encontrar tantos adolescentes aqui, porque é especialmente para essa geração que devemos falar”, reforçou a psicóloga.

Em seguida, os participantes declamaram poemas sobre a temática de autoestima. De acordo com Jorge Bernardo, servidor da Casa e escritor, as palavras têm um papel importante dentro da vida das pessoas, sendo importante divulgar trabalhos como os apresentados no evento. “A poesia é uma emoção transmitida pelo poeta, através de seus sentimentos. Todos tem um pouco desse lado poético dentro de si”, afirmou.

CORAL – O evento teve a participação do Vozes de Pernambuco. Foto: Nando Chiappetta

Por sua vez, a estudante Maria Júlia reforçou a importância da ação, especialmente para alunos da sua idade. “É muito interessante estar aqui e conhecer a cultura de Pernambuco e de outros lugares pelos poemas e cordeis”, destacou.

Evento

Desde 2009 a biblioteca da Alepe promove o Café com Poesia. As edições têm temas variados, como o Dia da Mulher ou o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, com objetivo de aproximar a comunidade Alepe das pautas.

Em caso de necessidade, procure o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo telefone 188 ou pelo site www.cvv.org.br.

Alepe leva música e arte à Colônia Penal Feminina do Recife

ITINERANTE – A ação aconteceu dentro das dependências da Colônia Penal Feminina do Recife, localizada no bairro do Engenho do Meio. Fotos: Roberta Guimarães

A edição itinerante do ‘Café com Poesia’, projeto promovido pela Biblioteca da Alepe, trouxe um combinado de alegria, poesia, música, literatura e esperança para as mulheres da Colônia Penal Feminina do Recife, no Engenho do Meio. Enquadradas pelo sistema prisional como pessoas privadas de liberdade (PPL), algumas delas participaram, nesta quarta (20), não apenas como ouvintes do projeto. Atuaram também como protagonistas de suas histórias.

Com o tema “A Alma Feminina Inspira Poesia”, o evento faz parte da programação da Alepe em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres, comemorado em 8 de março. A versão itinerante do ‘Café com Poesia’ teve apresentação musical, recital de poesia e literatura de cordel.

As apresentações ficaram a cargo do músico e sanfoneiro Júnior Vieira, da escritora e poetisa Lúcia Costa, do cordelista Cícero Lins e do poeta Jorge Bernardo. O coral Vozes de Pernambuco, formado por funcionários da Alepe, alegrou o ambiente com músicas regionais.

Para a gestora da Colônia Feminina do Recife, Maria Andrea Ferraz, ações como a do ‘Café com Poesia’ são importantes para o processo de ressocialização. “É interessante trazer essa promoção da cultura e do lazer para dentro da unidade prisional. Esse tipo de ação auxilia no processo de ressocialização e faz com que elas se aproximem da nossa realidade e do que acontece fora da unidade prisional”, afirmou.

De acordo com a gerente da Biblioteca da Alepe, Sirlênia Araújo, a ideia de tornar o projeto itinerante visa ampliar o acesso à cultura e à arte de forma gratuita, além de incentivar a população a conhecer o trabalho da Alepe.

“É um momento de alegria, lazer, cultura e troca de conhecimento A arte, a cultura e a poesia transformam a vida das pessoas para melhor”, enfatizou Sirlênia.

MÚSICA – Apresentação do Coral Vozes de Pernambuco durante o Café com Poesia

Depoimentos

Mãe de sete filhos e aguardando julgamento por tráfico de drogas, Andrelane Faustina Ferreira, 39 anos, fez um paralelo entre o momento atual, vivenciado por ela e suas companheiras da unidade prisional, com a história de Dandara, guerreira negra do período colonial do Brasil que viveu no Quilombo dos Palmares lutando por seus ideias e liberdade do seu povo.

“Dandara foi uma figura que lutou por seus ideais, assim como nós que estamos aqui e lutamos pela tão sonhada liberdade”, enfatizou. Para Andrelane, o universo da arte e o da música trazem esperança de um recomeço, principalmente para os encarcerados.

“Estamos presas, mas nossos sonhos não pararam. Estudar e fazer poesia é uma nova forma de ressocializar. Mesmo que aqui seja um lugar difícil, esse projeto abre novos horizontes e nos dá visibilidade. A maioria das pessoas na colônia não é alfabetizada e a escola aqui dentro está dando essa oportunidade”, destacou.

Franciele Raiane dos Santos, 22 anos, encontrou no universo da poesia e dos livros uma forma de tornar seus dias mais leves enquanto aguarda o julgamento por homicídio. “Aprendi com a literatura que a mente da gente fica solta. Só o corpo está preso por atos que acontecem e que estamos respondendo por eles. Toda ação tem uma reação. A literatura influencia em outras coisas, numa conversa melhor, num novo conhecimento. São coisas que não tiram da gente”, enfatizou.

SARAU – As mulheres que se encontram na Colônia Penal Feminina também se apresentaram no Café com Poesia

Café com Poesia

O projeto existe há 18 anos. Foi lançado em 2006 com a proposta de abrir espaço, mensalmente, para recitais, lançamentos de livros, exposições e bate-papo sobre arte e cultura. Ao longo desse período, o projeto já reuniu jovens talentos e veteranos da arte e da literatura.

‘Café com Poesia’ ocupa as instalações da Biblioteca

DIA DO FOLCLORE – As lendas do Recife foram encenadas no hall da Biblioteca da Alepe. Fotos: Evane Manço

Mais uma edição do ‘Café com Poesia’ ocupou as instalações da Biblioteca da Alepe, nesta última terça-feira (23). Dessa vez, o projeto comemorou o Dia do Folclore, que é celebrado nacionalmente em 22 de agosto.

“Aproveitamos o Dia do Folclore para darmos mais ênfase às lendas do Recife. O Café com Poesia já acontece há dez anos na Alepe e sempre reúne um público bem interessante”, disse a gerente da Biblioteca, Sirlênia Araújo.

MÚSICA – Formado por funcionários da Alepe, o Coral Vozes de Pernambuco participou do encontro

O evento, que aconteceu em duas partes, iniciou-se no hall do Anexo I da Alepe com apresentação do Coral Vozes de Pernambuco, formado por funcionários da Casa, e com a escritora Roberta Cirne apresentando sua versão em quadrinhos da obra “O Esqueleto”, de Carneiro Vilela, mesmo escritor de “A Emparedada da Rua Nova”. Cirne também apresentou seu projeto “Sombras do Recife”, dedicado às assombrações, mitos, lendas e histórias da capital pernambucana.

O segundo momento aconteceu dentro no interior da Biblioteca, coberta por panos pretos e efeitos especiais. Uma apresentação musical do tenor Ericson Cavalcanti, interpretando ‘Lundú da Marquesa de Santos’, de Heitor Villa-Lobos, tomou conta do espaço. A deputada Dani Portela (PSOL) esteve presente e parabenizou a iniciativa. “Um salve às lendas e a todos os elementos culturais que emergem do processo da nossa história”, disse a parlamentar.

CONVIDADOS ESPECIAIS – Alunos da rede pública estadual também marcaram presença nessa edição do ‘Café com Poesia’

As encenações aconteceram com ajuda dos funcionários da Alepe e os jovens do projeto ‘Alepe Acolhe’. Ao todo, foram trabalhadas oito lendas que assombram o Recife. Dentre elas, estiveram a Emparedada da Rua Nova, o Papa Figo, a Perna Cabeluda e a Cruz do Patrão.

Durante o encontro, os presentes puderam compartilhar as lendas que vinham à sua memória. O servidor Aurélio Silva comentou que a Perna Cabeluda era uma lenda que sua mãe contava muito quando era criança. “Vinha aquele medo e não saía de casa não”, pontuou. “Uma lenda que eu me lembro quando criança e assistia ao Sítio do Pica-Pau Amarelo é a da Cuca”, relembrou o funcionário Albino Sérgio.